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O NOS Primavera Sound começa em drop C. Depois de umas curtas palmas, ouve-se “eu tinha a corda na garganta afinada em dó”. O público ainda ia chegando enquanto Samuel Úria – Uría para os pais dos presentes – atacava “Dou-me Corda”.
“Amigos primaveris”, dirigia-se ao público pela primeira com boa disposição na voz e urgência no discurso. A alternância entre palcos assim o obriga. Ainda assim não faltaram piadas. Algumas como “Qual foi o melhor concerto até agora?” para toda a gente, mas nomear o Paulo André Cecílio e o Wandson Lisboa serviu para divertir apenas aqueles gatos pingados que se contabilizam na casa das dezenas. Como uma amiga, e uma ex-colega, resumiu: “Foi um concerto para a Internet.”
Ao quarto tema, já depois de perguntar se estava “tudo bem, até agora” pela segunda vez, ouve-se “Não Arrastes o Meu Caixão”, tema que serviu para muitos, no longínquo ano de 2010, com introdução à discografia do músico. E não é curioso que estejamos a falar, outra vez, numa “Nova Vaga da Música Portuguesa ®” e que o Samuel Úria faça parte das duas? Se por acaso estiveram a pensar no que é feito dos Pontos Negros, saibam que Silas – que agora toca castanholas – e Jónatas Pires militam na banda que acompanha Úria.
Depois da promessa não cumprida de se ouvir a música mais nortenha do set, eis que chega – agora sim – Lenço Enxuto, dedicada ao pessoal de Tondela. Todos os três que lá estavam. É um bom momento do concerto, à música mais confessional, e de tom frágil, nem os problemas tiram o encanto.
“Nós temos que despachar isto” avisa, e anuncia a cover de Molly’s Lips, original dos The Vaselines, popularizada pelos Nirvana, que se metamorfoseia em “Beijar os Lábios da Amália”. É uma música cheia de genica, já o sabemos, mas em português tem outra graça. Para piada extra, substitua-se a diva do fado pela antiga lontra mascote do Oceanário de Lisboa.
“É Preciso Que Eu Diminua” suscita o convite, “quem tem ancas abana-as agora” e o NOS Primavera Sound transforma-se pela primeira vez numa tímida pista de dança. Ainda há muita luz.
No entanto, o sentido de urgência que permeia este primeiro concerto não concorda com a luminosidade e “Teimoso” anuncia o princípio do fim do melhor concerto do NOS Primavera Sound até ao momento. Piada que se manteria verdade indisputada, pelo menos até Run The Jewels.