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Os Stick To Your Guns descobriram a fonte da juventude algures nas terras californianas de onde vêm. Os americanos trazem consigo, no álbum de 2017, o mesmo hardcore perene que mostravam ao mundo em 2003. No passado dia 8, no RCA Club juntaram-se os Get The Shot e os nossos já conhecidos, Nasty.
Os canadianos Get The Shot foram os mais musculados em palco, nessa noite. Isto tanto em sentido figurado como literal. Não se chega à circunferência de bicep de J-P sem levantar imenso ferro.
Num dos momentos mais verbosos, o vocalista descreve a cena underground para todos, independentemente de “género, religião ou raça.” O que é sempre bom apesar da dissonância cognitiva entre o conceito de “safe space” e o tropel que se agitava no público. A culpa era da figura musculada de chapéu que várias vezes desceu do palco. Ainda que “descer” seja o termo incorrecto para descrever quando escalou o bar do RCA ou se empoleirou no ombro de duas pessoas. (Só duas para sustentar aquela massa de humanidade).
Quanto aos Nasty qualquer pretensão de punk-rock melódico é posta de parte. Como já tínhamos notado quando cá estiveram com Comeback Kid, os belgas vivem para o ritmo. Tudo acontece a mil à hora e se houvesse um medidor de violência por minuto já tinha rebentado a escala. +1 para o vocalista que largou a jersey de hockey e rapou para longe o risco ao meio. De resto, foi bonito ver a “fila da frente” abraçar a banda quando se debruçavam no palco.
Quando os Stick To Your Guns surgem em palco seria de esperar que o RCA já estivesse agastado. Só que não. Já não é a primeira que o dizemos e por esta altura já nem acreditamos que haja um fim à energia que os putos (e graúdos) do hardcore. Mas vamos sempre notá-lo, só para nos lembrarmos que isto não é “o normal”.
O hardcore dos STYG é da variante adolescente. E ainda bem. Os peterpanismos do género são importantes para manter a renovação geracional.
Apesar de manter a mesma engrenagem que as bandas de abertura, o concerto de Stick To Your Guns é mais “nuanceado”. Apesar de ser em grande o “affair” metalcore e hardcore que se quer, momentos como “Suspended” trazem-nos outras paisagens sónicas que nos lembram “La Dispute.” Foi o momento mais bonito da noite que terminou com a súplica ao público de que reavesse a sua vida. A contrastar com este momento de spoken word houve espaço para os “wooo ooooh” cantaroláveis de temas como “We Still Believe” e “Married To The Noise”.
E graças ao senhor pelas palavras de Jesse Barnet. Depois de na nossa última passagem pelo RCA termos dado conta de personagens infelizes que lá rastejam, soube bem ouvir este discurso:
“The more right wing groups come up, it’s because they’re scared of what the fucking antifascist underground kids are doing. They’re scared. They’re terrified. And so, they’re coming out of their fucking holes. And we have to stand our ground. Right now, this fucking music, this is the gasoline for all of it. This is what this music should always be about. Remember that shit. Politicians are nothing but symbols. Cops are nothing but symbols. Symbols we have been taught our entire lives that we have to be afraid of. Symbols we have been taught our entire lives that we have to bow down to. But there’s this – remember this and never forget it. Tell yourself this before you go to bed every night. There are more of us than there are of them.There are more of us than there are of them. And don’t you ever forget that shit.”
Voltem sempre e com esta atitude.