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No passado sábado, dia 9, o Hard Club recebeu aquela que foi a primeira Amplifest Session de 2016. A noite representou o regresso de Aaron Turner e Mark Kozelek ao Porto e cujas receitas reverteram para a Liga Renascer, uma instituição social sem fins lucrativos e de combate à exclusão social.
Este aperitivo para o festival Amplifest, que se realiza no mesmo local, em agosto, contou com os projetos Mamiffer, Sumac e Sun Kil Moon, tornando o seu cartaz tão exótico quanto apelativo, tal como era a finalidade sociocultural do mesmo.
A noite iniciou-se com os Mamiffer, o projeto drone e ambient de Faith Coloccia, que se apresenta em palco ladeada pelo seu marido Aaron Turner na guitarra e efeitos e Brian Cook no baixo e efeitos. Rodeada por teclados, Coloccia é a força motriz que comanda os músicos para produzir momentos belos, frágeis e introspetivos.
Estando Faith Coloccia atualmente grávida, foi pedido por parte da organização que o público não fumasse durante o concerto e, muito provavelmente, o Hard Club nunca terá tido o ar tão puro durante um espetáculo, já que nem um cigarro se acendeu.
Aaron Turner e Brian Cook haveriam de regressar ao palco, cerca de duas horas mais tarde, mas desta vez acompanhados por Nick Yacyshyn na bateria. Este regresso do líder dos defuntos Isis, agora com os seus Sumac, dificilmente poderia ter sido mais intenso. Retirando toda a beleza àquilo que os Isis dos últimos anos produziam e redobrando o peso do que faziam no seu início, Aaron Turner montou os Sumac, uma arma de destruição maciça que deixou todos os presentes de sorriso na cara perante a carga de porrada que levaram.
Arriscamos até dizer que os Sumac são muito mais uma banda de palco do que de disco. É em cima do palco, munidos com guitarras Travis Bean, que as nuances tocadas por Aaron se revelam, ancoradas nas linhas simples mas rugidas do baixo de Brian Cook, ex-Botch e These Arms Are Snakes. E é também em palco que a estrela do grupo se revela. Os ataques violentos e precisos de Nick Yacyshyn na bateria, fazem dele o ponto de referência de onde nenhum dos presentes consegue tirar os olhos, numa performance que só encontra rival em Ben Koller dos Converge.
Pelo meio, Mark Kozelek deu mais um excelente concerto como Sun Kil Moon, conseguindo guiar a plateia entre momentos sensíveis e introspetivos e outros pitorescos e hilariantes. Acompanhado por Steve Shelley, ex-Sonic Youth na bateria, e Ben Boye no teclado, Kozelek tanto consegue parecer o crooner mais requintado como aquele tio mais que bêbedo a estragar um qualquer casamento, deambulando de microfone na mão. E isto é um elogio ao ex-Red House Painters, que muitos sabem ser um génio, e que todos admitem ser um louco.
Cheio de boa disposição e sempre imprevisível, Kozelek e companhia tocaram America’s Most Wanted Mark Kozelek and John Dillinger e Exodus (da colaboração com os Jesu de Justin K. Broadrick), Dogs e Richard Ramirez Died Today Of Natural Causes do aclamado Benji, os clássicos populares Something Stupid e Somewhere Over The Rainbow (do novo Mark Kozelek Sings Favorites), The Possum (a melhor canção do mais recente Universal Themes) e ainda uma música inspirada no mais pequeno poema de sempre, da autoria do pugilista e ativista Muhammad Ali, o mítico “Me? We!” que deverá aparecer num novo disco do songwriter.
Uma Amplifest Session cheia de motivos para louvar, desde logo o facto da Amplificasom e a Liga Renascer se associarem e contribuir para a melhoria das condições de vida dos que mais precisam e por trazerem aos que não têm essas dificuldades mais uma fantástica e eclética noite de música no Porto.