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Assim como no ano passado o primeiro dia do Super Bock Super Rock trouxe de volta consigo o verão meio adormecido. Reavivam-se as memórias de procurar refúgio na sombra debaixo da pala do Pavilhão de Portugal, mesmo que isso implique ficarmos afastados do palco, e dos escaldões na escadaria da MEO Arena para os primeiros concertos do palco LG. Mas este ano para combater o calor havia uma melhoria, os gelados que a Olá ofereceu ao desbarato pelos três dias do festival aos transeuntes. Tornou-se um clássico deste Super Bock Super Rock ver alguém a trincar um Solero para onde quer que olhássemos. Para o ano queremos mais ok?
E vamos directos ao assunto, porque desde que os bilhetes para o primeiro dia do Super Bock Super Rock esgotaram por altura do Natal, que era óbvio que o motivo que levou as cerca de 20 000 pessoas ao Parque das Nações em Lisboa, na passada quinta-feira, tinha um nome – Red Hot Chili Peppers. Já aqui deixámos as nossas impressões sobre o concerto da banda californiana, ainda feitas a quente horas depois de terminar, mas agora, dias depois, já com uma visão global de todo o festival e com tudo o que fomos absorvendo em conversas com amigos e nas inevitáveis redes sociais, a sensação de insatisfação mantém-se. Quando vimos a MEO Arena explodir à entrada da banda para a frenética “Can’t Stop” depois de um sólido instrumental, nunca imaginámos ser possível que a energia da sala descesse com o decorrer da noite ou que à saída nos cruzássemos com tanta frustração.
A duração do concerto e a setlist escolhida, pelos rapazes da cidade dos anjos, têm sido repetidamente apontadas como o principal motivo de descontentamento. Mas a verdade é que teria bastado uma pesquisa pela internet para perceber que o alinhamento de Lisboa não fugiu muito ao que a banda tem apresentado por outros países nesta digressão. Quanto à duração do concerto é bem verdade que, gozando do privilégio de serem cabeças de cartaz, os Red Hot Chili Peppers poderiam ter alargado o seu set e acreditamos que bastariam mais um par de músicas icónicas da banda para fazer as delícias de muitos. Mas terá sido mesmo isso o que falhou? Não conseguiram pois os Deftones, que actuaram no último dia do festival e numa janela de tempo inferior à dos Red Hot Chili Peppers, apresentar um concerto que deixou toda a gente em delírio? O tempo e outros concertos da banda, que esperamos ainda ter oportunidade de ver, o dirão, mas por enquanto parece-nos que talvez tenham sido as nossas expectativas exageradas que nos atraiçoaram.
O primeiro dia do Super Bock Super Rock foi bem mais que Red Hot Chili Peppers, por isso falemos outra vez da bonita festa que os Throes + The Shine deram um pouco antes no palco LG, e de como puseram toda a gente a dançar sem reservas. Estes quatro rapazes vindos do Porto, que meteram no mesmo caldeirão rock, kuduro e electrónica, vieram reclamar a batida à capital e fazer a festa mais alegre que vimos neste Super Bock Super Rock. Os Throes + The Shine podiam ter feito uma residência nos três dias do festival que ninguém iria enjoar.
De quem também nunca iremos enjoar, por mais concertos que vejamos, é de Kevin Morby. Em menos de um ano já tivemos a sorte de o ter por cá em três ocasiões diferentes para vários concertos. Ao Super Bock Super Rock veio apresentar o novissímo City Music que, orgulhosamente, podemos dizer que já sabemos acompanhar nas letras de muitas músicas. Não ficaram de fora as antigas “Harlem River”, “All of My Life” ou “Parade”, e “Dorothy” elevou-nos o espírito como sempre. Esperamos agora que Kevin Morby também nunca enjoe do público português, porque por nós pode regressar sempre que quiser.
O primeiro dia de festival trouxe-nos também de terras do tio Sam os The Orwells. Estávamos curiosos pela sua reputação de concertos incendiários, mas a verdade é que ao fim de alguns minutos os movimentos desengonçados e as caretas expressivas de Mario Cuomo, perderam a piada. E o mesmo se pode dizer do seu garage rock, que nos soou todo um pouco ao mesmo.
No mesmo palco, o EDP, tocaram antes os Boogarins. A voz adocicada de Dinho Almeida é capaz de fazer qualquer um de nós perder-se em sonhos aveludados psicadélidos, sem a ajuda de qualquer aditivo. Os brasileiros foram responsáveis pelo concerto com as melhores vibrações do primeiro dia do Super Bock Super Rock.
O trânsito caótico de Lisboa trocou-nos as voltas mas ainda chegámos a tempo de encontrar uma plateia muito composta para ver Alexander Search, a primeira banda do dia, sinónimo de que a febre Salvador Sobral ainda está forte.
Feitas as contas ao primeiro dia só lamentamos ter sacrificado o concerto de The Legendary Tigerman para conseguir um bom lugar para Red Hot Chili Peppers. Constou-nos que perdemos um concerto do caraças (que podem ainda assim acompanhar na reportagem fotográfica). De resto nada mais a lamentar, saímos de pernas doridas e peito cheio, que é o que se quer para um bom arranque de qualquer festival.