//pagead2.googlesyndication.com/pagead/js/adsbygoogle.js
(adsbygoogle = window.adsbygoogle || []).push({});
Se o primeiro dia do Super Bock Super Rock esteve “assim assim” de público e o segundo quase esgotou, ao terceiro parecia um festival fantasma. Até tivemos dificuldade em perceber de que cor eram as pulseiras deste ano para os três dias do festival, de tão poucas que vimos pelos pulsos dos festivaleiros.
Muitos terão optado por ir apenas a um dia do Super Bock Super Rock e sábado era claramente aquele em que o cartaz menos convencia. Dos cabeças de cartaz, muitos já teriam tido a oportunidade de matar saudades de Benjamin Clementine quando em Março passou por cá e Julian Casablancas também já não é capaz de reunir o entusiamo de outros tempos, quando os The Strokes seriam motivo de sobra para encher a Altice Arena.
Num acto, que soou a desespero, a organização lançou uma campanha em que qualquer portador de pulseira, dentro de um limite de entradas, poderia trazer consigo um amigo gratuitamente. Nem assim foi possível encher os palcos no último dia do festival.
Nada que impedisse aos Sunflowers partir a loiça toda no palco LG ao início da tarde. Diremos até que poderia ter estado uma só pessoa no público, que a porrada punk teria sido igual. Assim como nem alguns problemas técnicos na bateria de Carol conseguiram abrandar o ritmo frenético a que a banda dos portuenses se move.
Abandonámos a escadaria da Altice Arena para ver um dos concertos que mais curiosidade nos suscitava no cartaz: Stormzy em estreia absoluta no nosso país. O south london boy veio provar à capital lusa a razão pela qual o grime anda hoje pelas bocas do mundo. Foi pena que o londrino não tivesse feito parte do segundo dia do festival, onde teria encontrado muito mais gente disposta para as suas letras corrosivas e batidas explosivas. Um dos grandes concertos deste Super Bock Super Rock.
Num ambiente bem diferente encontrámos de seguida um público hipnotizado pela ondulante Sevdaliza no palco EDP. Até mesmo a nós, que regressávamos do concerto de Stormzy com o sangue ainda a fervilhar de adrenalina, nos foi fácil mergulhar no fascinante sonho trip hop da holandesa. Completamente rendidos a seu inebriante canto de sereia quase nos esquecemos que Benjamin Clementine estava prestes a começar o seu concerto e fizemos um sprint para a Altice Arena.
Benjamin Clementine nunca será capaz de dar um mau concerto, mas nada substitui o primeiro concerto a que se assiste do músico. Sente-se no peito o peso de uma emoção inexplicável, a certeza de estarmos a assistir a algo inalcançável, privilégio do qual nem sequer estamos seguros de merecer. O concerto na Altice Arena foi portanto uma experiência diferente, para os repetentes. Não só o último disco de Benjamin Clementine não podia estar mais distante da música com a qual nos apaixonou, como o próprio músico tem agora uma postura mais felina e atrevida em palco. Autoritário conseguiu silenciar a Altice Arena com palavras duras, um enfado natural de quem leva a sua arte muito a sério. O público reagiu com surpresa e algum embaraço, mas rapidamente fez tréguas e viu novamente o seu coração a ser usurpado pelo músico.
Não gostamos de terminar reportagens em tom negativo, mas o que pouco tempo depois aconteceu ali no mesmo palco não nos deixa muitas alternativas diferentes. Julian Casablancas & The Voidz conseguiram dar um dos piores concertos de que temos memória. Vimos uma Altice Arena, já pobremente preenchida, esvaziar-se à mesma velocidade com que o músico dos The Strokes debitava músicas numa verdadeira chacina auditiva. Um som estridente, distorcido, num volume absurdamente alto, atirava pessoas para fora da arena com as mãos nos ouvidos. Que delírio terá passado pela cabeça da banda e dos técnicos de som é coisa que nos escapa e um momento que queremos apagar deste último Super Bock Super Rock, que apesar de tudo acabou por nos proporcionar excelentes concertos e que queremos ver com outra vida na sua próxima edição.