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Para lá da ligação ao mar, Liverpool vive da mística da maior e mais influente banda do planeta: os Beatles. Em visita à cidade, é obrigatória uma paragem no museu que melhor retrata a vida e obra dos Fab Four: The Beatles Story, na Albert Dock. O museu é uma emotiva viagem no tempo, por entre salas e corredores decorados com História viva e relatos de uma época de mudança cultural.
A mostra começa pelo princípio: como se conheceram, como se juntaram, as origens mais humildes, os The Quarrymen, as suas raízes no rock ‘n’ roll mais clássico. Dá para descobrir o Mersey Beat, uma publicação local que em muito contribuiu para a popularidade dos rapazes, com fotografias e notícias em exclusivo, que influenciou também a divulgação e afirmação da sonoridade comum às bandas que floresciam pela cidade – o merseybeat, claro está.
A emblemática loja de instrumentos de Frank Hessy em Stanley Street recebe a devida homenagem, pelo seu contributo para a cena musical de Liverpool e pelo carinho com que todos os clientes eram tratados. Igualmente a North End Music Store de Brian Epstein é recordada, ou não tivesse sido o génio deste o principal motor para a projecção do nome e trabalho dos Beatles.
Bem antes de deixarem estádios em alvoroço, os Beatles tocaram nos piores cantos e caves. Na época, Liverpool era povoada de pubs e casas de espectáculos de fama duvidosa, onde os mais jovens se reuniam no final de um dia de trabalho. O Cavern desempenhou um papel importantíssimo no nascimento da banda, e no museu é possível encontrar uma réplica do bar e do palco, já que o original não sobreviveu à memória do tempo e sucumbiu às pretensões comerciais de diferentes donos. Quando em 1963 os Beatles tocaram no Cavern pela última vez, toda a cidade deve ter sentido a vibração de quem os aplaudiu de lágrimas nos olhos.
Seguiu-se a conquista do mundo. As imagens e os vídeos da sua chegada aos Estados Unidos são impressionantes: há uma parede no museu dedicada apenas às fãs em convulsão, sem conseguir lidar com tamanho charme. E depois vieram as tournées planetárias.
Entre o primeiro e o último trabalho de originais passaram menos de 10 anos. Como conseguiu alguém fazer tanto em tão pouco tempo? A mestria com que John e Paul transformavam a vida mundana em estórias encantadoras – recordem “Penny Lane” ou “Strawberry Fields” – valeram-lhes um lugar no Olimpo.
A vida mostrou-lhes novos panoramas e interesses, e poderá ter sido esse o principal motivo da sua separação. Um choque de egos, quem sabe? Creio que podemos parar de culpar Yoko Ono.
Depois da separação a vida de cada um seguiu o seu rumo: John tornou-se activista e redescobriu o amor à música, Paul manteve-se um dos mais influentes artistas, George editou a solo e juntou-se a grandes nomes como Bob Dylan e Tom Petty, e Ringo aventurou-se no cinema.
A visita toma cerca de uma hora do nosso tempo, mais ainda se quisermos absorver cada um dos seus detalhes, já que cada canto guarda um tesouro que qualquer aficionado gostaria de adicionar à sua colecção. Tudo culmina na serena white room, uma réplica da que figura no vídeo de “Imagine” e onde Lennon compôs algumas as mais belas mensagens que alguma vez iremos escutar.
O que nos ensinam os Beatles? Que apesar da improbabilidade de tudo o que lhes aconteceu, valeu a pena sonhar e investir naquilo que os apaixonava.