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Um dia depois de se assinalarem 42 anos de liberdade neste jardim à beira mar plantado, o Porto recebeu a segunda de duas Amplifest Session, com os Full Of Hell e os The Body.
Na capital, na noite anterior, a passagem das duas bandas norte-americanas fez-se no Musicbox, ao passo que a 26 de abril, no Porto, o local escolhido para a selvajaria foi o Cave 45.
A tour é em formato co-headline, mas alguém tem de abrir as hostilidades e a tarefa coube aos Full Of Hell, quarteto de Maryland com carinha de meninos mas que se revelam verdadeiros animais de palco que já conhecíamos da passagem pelo Amplifest. Com uma ética de trabalho assinalável – em 6 anos têm 4 álbuns e uma porrada de EPs – os Full Of Hell oferecem uma mistura de grindcore, powerviolence e blackened death metal, que até poderia ser enfadonho ou genérico. Mas os putos não querem ser mais um e juntam aos blastbeats e mudanças de ritmo abruptas e caóticas, secções electrónicas ambientais que os tornam mais relevantes que os seus pares. Dylan Walker, frontman do quarteto, grunhiu, gritou e cuspiu letras sincopadas com os instrumentais de forma visceral e David Bland conduziu os seus parceiros com guinadas e travagens bruscas na tarola. Durante meia hora sentimo-nos completamente trucidados e mutilados. Roubando o título a Merzbow – gigante com quem os Full Of Hell colaboraram – foi uma sessão de “Music for Bondage Performance”.
Pela primeira vez em Portugal, estavam os The Body, a dupla formada pelo grande Chip King na voz e guitarra, e Lee Bufford na bateria. Se depois da carga de porrada que os Full Of Hell ofereceram, alguém achava que a intensidade iria diminuir enganou-se redondamente. Desta vez, por entre drones e ritmos arrastados, o nosso corpo não foi mutilado mas sim totalmente esmagado pelos decibéis deste corpo formado por dois veteranos. Se é certo que, ao vivo, os The Body não têm o detalhe e o requinte que têm os seus discos, não é menos verdade que o peso do seu sludge/doom está todo lá, sempre acompanhado por samples que os tornam sui generis. E se ainda não ouviram o mais recente No One Deserves Happiness é bom que o façam rapidamente para verem o nível de subversão a que o duo do Oregon chegou.
Qual a melhor forma de celebrar a liberdade do que sair à noite, no Porto, e poder experienciar dois concertos de musica extrema, livre e provocadora?