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Quando ontem à noite chegámos à Altice Arena convencidos de que iríamos encontrar pela frente uma massa de jovens adolescentes, em completa histeria – tratava-se afinal do regresso a Lisboa dos Thirty Seconds to Mars e na nossa cabeça será sempre esse seu o público alvo – deparámos-nos antes com uma arena repleta de gente já adulta. Feitas as contas os irmãos Leto começaram a sua aventura musical ao virar do século e uma rápida pesquisa na internet surpreende-nos com a informação de que Jared Leto já conta com 46 primaveras. Como é que isto aconteceu e não nos demos conta?
Atenção que não pretendemos com esta introdução fazer com que ninguém que lá esteve se sinta velho, queremos apenas ressalvar que os Thirty Seconds to Mars são um desses raros casos musicais capazes de cristalizar emoções, fazendo parar os ponteiros do relógio. E, como ontem bem se percebeu, a histeria e a devoção exacerbada não são coisas exclusivas da adolescência.
Ainda assim Jared Leto, com o seu colorido quimono esvoaçante, ora correndo, ora rodopiando em palco, nem sempre conseguiu ter o público na mão. Depois de um começo forte com as bem conhecidas “Up in the Air”, “Kings and Queens” e “This is War”, seguiram-se momentos mais beges, com quebras de energia que ameaçavam tornar o concerto assimétrico. É nestes momentos aliás que as fragilidades dos Thirty Seconds to Mars ficam mais expostas: letras pouco ambiciosas que, quando não encontram o apoio da catarse musical da bateria possante de Shannon Leto ou do entoar de cânticos de estádio incentivados por Jared Leto, parecem-nos ser apenas palavras soltas ao vento.
O último álbum da banda, America, pode ter sido o responsável por alguns destes momentos. Para além de ainda não estar cimentado nos ouvidos de todos, é também um disco que se aventura em sonoridades mais dançáveis em detrimento daquela rebeldia do rock para grandes arenas, tão característica dos Thirty Seconds to Mars. E a sua intenção em ser uma reflexão sobre esta nova América de Trump perde também força, quando comparado a outros artistas que o têm conseguido fazer melhor: já todos vimos aqueles quatro minutos assoladores da “This is America” de Childish Gambino certo?
Não queremos com isto dizer que os Thirty Seconds to Mars estão condenados a repetir para sempre as mesmas fórmulas musicais e rapidamente os irmãos Leto retomaram as rédeas da noite. Do novo álbum, a acústica “Remedy”, cantada por Shannon Leto, longe dos comandos da bateria, foi um dos momentos mais refrescantes da noite. E a dançável “Rescue Me” conseguiu atiçar o público com o menear de anca do actor, que convidou vários fãs hardcore ao palco, um deles exibindo orgulhosamente o tronco tatuado com letras da banda, e ainda o nosso “Diego” Piçarra para cantar o refrão e que no final levou um abraço emocionado de Jared Leto, após exultar o público a um forte aplauso à banda americana.
O amor a Portugal dos Thirty Seconds to Mars é recíproco e Jared Leto após interromper “Walk on Water”, para que fosse dada assistência a uma fã que se sentiu mal, pediu a todos que o ajudassem a terminar a música à boa maneira portuguesa: com “o público mais louco e apaixonado do mundo”, no país que os irmãos Leto não esquecem ter sido aquele que lhes ofereceu a primeira arena esgotada da sua carreira. “Obrigado por nos ajudarem a tornar os nossos sonhos realidade”, disse no final, num agradecimento sincero que foi recebido com um aplauso ainda mais caloroso.
A despedida fez-se com um mar de gente em palco ao som da épica “Closer to the Edge”. Confettis desceram dos céus para uma Altice Arena de braços no ar e gargantas rasgadas em completo júbilo, na apoteose final para a banda que para além de ter descoberto a poção da juventude não deixou ninguém pelo caminho.