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Apenas um álbum foi quanto bastou para os Viagra Boys carimbarem o seu vôo de passagem por Portugal. Street Worms, lançado o ano passado, prometia-nos um punk garageiro, que diríamos ser movido a testosterona não fizessem os suecos questão de subverterem uma certa ideia de masculinidade sempre que possam. Chamam-se Viagra Boys, afinal de contas.
Em palco trazem também essa iconoclastia de tudo o que é convencional. Bajular público com menções à cidade? “How you doing, Barcelona? That’s amazing; I’ve never been to Spain before.” Estilo? Só se for a mesma moda que nos deu eslavos a fazer agachamentos. Fato de treino, estilo adidas, que puxadas acima serviam de berço a uma desenvolta barriga de cerveja.
O mais interessante nos Viagra Boys é uma certa dissonância cognitiva entre a música musculada, de baixo de groove pesado, e os movimentos arrastados de Sebastian Murphy. Para não mencionar que são uma banda punk com um saxofone. Agora já sabemos o que aconteceria se cruzássemos os Morphine com, sei lá, Eagles of Death Metal. Talvez?
As tatuagens do vocalista rapidamente fizeram a sua aparição. Num momento está caído no chão, como no outro se ergue já em tronco nu. Sensual é definitivamente uma palavra, mas não uma que alguma vez possamos aplicar aqui. Felizmente, Sebastian está por dentro da piada. “I’m sure a lot of you are wondering how I got this beautiful body,” insinuava o vocalista que é a representação física de skinny fat. “A lot of hard work and dedication,” explicava antes de apresentar “Sports,” tema que se não soubéssemos podíamos atribuir aos Sleaford Mods. Durante a canção ainda tentou umas quantas flexões, mas à terceira já faltavam braços.
Não faltavam era golos de vodka e cerveja para manter a energia. Já antes insinuava a carroça que arrastava ( vamos assumir que performativa) quando olhou para o mar de gente que o rodeava e disse que parecia Woodstock 1992 – festival que não existiu – “there has to to be 3000 people here; can’t wait to tell my mom, she’s gonna be so proud.”
No compto geral, um concerto recheado de humor e auto-depreciação, com o balanço certo de dança e mosh que fez maravilhas pelos níveis anímicos de quem no Primavera escolheu estes punks sem problemas de performance.
“Thank you, Barcelona.”