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No primeiro dia do VOA na nova localização, o doom metal foi rei e senhor num final de tarde abrasador. E após uma mudança de local envolta em polémica, o festival provou estar de pé e imune a todas as críticas.
Pelas 17h45, os alemães Mantar já tocavam, ainda que para um público reduzido. São uma banda recente, formados em 2012, mas a ganhar cada vez mais terreno junto dos amantes da música pesada. Tocam um sludge metal a roçar o black metal, uma mistura inusitada mas explosiva, que fez deles um dos nomes mais aguardados desta edição. Têm dois registos de estúdio que percorreram dentro do tempo possível.
A esta hora o sol ainda é forte, o que leva o vocalista e guitarrista Hanno a queixar-se disso mesmo, dizendo que não consegue ver as cordas da sua guitarra. No público também não se está muito melhor, dada a incidência do sol. Hanno introduz “Era Borealis” como uma faixa dedicada a todos os metalheads de Portugal. O som convida ao headbang e o público, que vai crescendo, responde de feição. Fecham com “White Nights”, um concerto sólido mas bastante prejudicado pelo horário.
Pelas 19h15 e ainda com um sol na sua plenitude, um dos nomes mais sonantes do doom metal sobe a palco, os suecos Katatonia. Abrem as hostes com a conhecida “July”, do aclamado The Great Cold Distance. Segue-se “Deliberation”, do mesmo disco. Para estes veteranos o tempo também é escasso e tocam o que podem do registo mais recente, intercalando-o com alguns dos seus maiores sucessos. Jonas Renkse, vocalista, anuncia que têm novo álbum, intitulado The Fall of Hearts e daí tocam “Serein”.
“Are you waiting for Anathema? Opeth? Oh, thank you. But we are still here.” E após este diálogo com o público, surge o primeiro problema técnico, que demora escassos momentos a resolver. Continuam o sunset de doom com “Hipnose”.
“My Twin” é a mais reconhecida pela maioria do público, o que granjeia um momento mais efusivo. Palmas a acompanhar a batida e algumas cantorias, ao se ouvir ao vivo a mais icónica canção desta banda. Sem grandes conversas, passam a bola para “October”, até porque o tempo de que dispõem vai rareando. Ouve-se mais uma amostra do novo álbum com “Old Heart Falls”, e com “Nephilim” voltam de novo ao passado, terminando com “Soil’s Song”, a fechar em glória. Concerto de luxo, apesar de alguns problemas de som, não fosse Katatonia já uma banda afirmada dentro do género e exímia no que faz.
Antes de Anathema, muitos foram aqueles que aproveitaram a meia hora de intervalo para jantar, o que se tornou uma tarefa hercúlea, dado a extensão e demora das filas. As bancas de restauração eram muito escassas, ao invés daquelas que vendiam merchandising. Talvez o ponto mais negativo do festival a par da falta de sombras e caixas multibanco, algo que se espera melhorado na próxima edição.
A banda britânica é, no entanto, recebida por um público extenso e atento. O concerto não dá azo a grandes movimentos, além da contemplação. Em “Natural Disaster”, Vincent Cavanagh pede a todos que liguem as lanternas do telemóvel e assiste-se a um momento de calmaria e paz naquilo que se espera ser um festival de extravasão. O concerto termina com um dos hinos da banda, “Fragile Dreams” anunciado por Cavanagh como o remate final da noite e com a promessa de estarem de volta em 2017. O headbang volta a dominar e ninguém fica indiferente a esta faixa menos calma da banda que já conta com 26 anos de carreira.
Os Opeth, nome maior deste primeiro dia, tinham todas as atenções viradas para si e isso viu-se na multidão que se acercou perto do palco. A primeira faixa, “Cusp of Eternity”, vem do álbum mais recente, Pale Communion e é de imediato bem recebida. “The Devil’s Orchard” arranca com efusivos headbangs. Mikael Åkerfeldt começa com os primeiros discursos da noite, dizendo que a banda está ali para nos entreter. Introduz a seguinte como a música mais calma que já fizeram. Falamos de “Heir Apparent”, do álbum Watershed e uma das faixas mais queridas da banda. A potência dos guturais de Åkerfeldt é aqui posta à prova e, como sempre, não desaponta. E se há coisa que os Opeth fazem melhor é ser camaleões entre o som ríspido e o límpido.
Åkerfeldt é um comunicador nato e isso reflecte-se em cada pausa entre canções. Tem o dom de ser natural, fazer rir e por vezes chega a exagerar com tanta conversa. Diz-nos que tem uma informação importante para nos dar e após um momento de silêncio diz que o seu bigode está maior que nunca, provocando gargalhadas no público. Segue-se a seriedade com “The Drappery Falls”, outro regresso ao passado, neste caso a Blackwater Park, datado de 2001.
A noite vai-se alongando entre viagens a discos anteriores, com a quase baladesca “To Rid of The Disease”, de Damnation, ou a épica e intemporal “Demon of the Fall” que recua ainda mais, ao álbum de 1998, My Arms Your Hearse.
Para o final ficam dois marcos na carreira da banda. A diabólica “The Grand Conjuration”, que nos remete ao talvez mais bem sucedido álbum dos suecos, Ghost Reveries e “Deliverance” que fecha em beleza, mostrando que por quantas vezes que cá vierem, são uma das bandas com um público fixo em Portugal, que nunca lhes vai falhar.