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No último dia de peregrinação metaleira, dominaram as bandas novas. À excepção dos míticos Obituary, reinou o sangue novo trazido pelos Trivium, o som frenético e descontrolado dos The Dillinger Escape Plan na sua última fornada de concertos, a obscuridão dos The Ominous Circle e a robustez apoteótica dos Grog. A segunda edição do VOA – Heavy Rock Festival na sua nova morada em Corroios, terminou já com a casa mais composta e com concertos exímios que nos vão perdurar na memória.
A tocar debaixo de sol intenso e com a maquilhagem a escorrer, os espanhóis Killus são a típica banda que segue uma imagética para chocar e entreter. A verdade é que o conseguem. Eles cospem uns para os outros, mimicam movimentos e posições sexuais, colocam microfones abaixo da cintura… um fartote. Com um palco decorado a rigor e maquilhados de feição, praticam um metal industrial muito ao estilo de uns Murderdolls ou Marilyn Manson (o que se nota muito na colocação de voz de Supersixx) e têm uma aparência que chama mais a atenção do que a música em si. Em palco, são teatrais e dão excelentes fotografias. Não se pode dizer que haja momentos mortos. A música não é para todos os gostos mas é um bom aperitivo de início de dia. O momento alto passa por “Ultrazombies”, do novo álbum que promovem, com o mesmo título.
O Palco Loud! arranca o último dia com Don’t Disturb My Circles, um quarteto lisboeta. Sobem ao palco com um som relativamente melhor em comparação com o dia anterior, o que é um grande bónus. Muito na onda math rock e hardcore punk dos The Dillinger Escape Plan a banda apresenta o seu Lugubrius Cacophonous. Ainda com pouco público, a banda tem energia como se tocasse para milhares, com um vocalista irrequieto que se movimenta até em cima das colunas.
Do outro lado, o Palco Principal do VOA já está preparado para receber a primeira grande banda do dia: os colossais Obituary. Detendo um largo público sedento de os ouvir, os headbangs multiplicam-se na plateia, com a banda encantada com tanto amor. O icónico vocalista John Tardy projecta a voz fielmente aos discos e ouvem-se clássicos como “Turned Inside Out” ou “Don’t Care”. O vocalista ainda brinda a nós com a sua cerveja e diz um belo “Saúde!”, fazendo as delícias do público. Do álbum homónimo ouvimos “Turned to Stone” ou “Brave” e terminam o espectácuto com a grande “Slowly We Rot” para gáudio de todos.
Mal se despedem, há debandada geral para o concerto de Grog, banda nacional bem conhecida da maioria. Mesmo tocando na trivial horinha para jantar, a banda junta muito público. O vocalista Pedro Pedra incentiva o público dizendo “Vieram pela comida, foi? É preciso tocar uma de Obituary?”. Com 25 anos de existência, estes grinders sabem o que fazem. O público responde em massa e depois de tantos anos são uma banda bastante respeitada e acarinhada dentro do meio. O final termina com uma tirada de Pedra “Não critiquem os palcos, venham aos concertos!”, porque apoiar as bandas nacionais é importante.
Pouco depois chega a hora de um dos concertos mais aguardados do festival, não só por já não tocarem no nosso país há mais de uma década, mas por ser um dos últimos da banda. The Dillinger Escape Plan, ladies and gentlemen. Com uma crítica mais detalhada aqui, já vos dissemos que a banda trouxe a casa abaixo num concerto que ficará na memória de muitos. Estando tanto tempo sem nos visitar, o grupo deu tudo de si nesta que, infelizmente, foi a última passagem por cá. Não é banda unânime num festival destes, mas há que reconhecer que partiram tudo.
Já no palco Loud! assistimos à última actuação do dia e desta edição de VOA Fest, que ficou a cargo de The Ominous Circle, banda natural do Porto e que, segundo a própria, toca “obscure metal of death”. Têm uma mistura de sonoridades, se por um lado ouvimos um black metal atmosférico, de repente já entrámos no stoner e noutras ocasiões já nos parece uns Mastodon mais crus, na era de Remission. Têm um álbum, editado em 2017, intitulado de Appaling Ascension e que a nível nacional parece ser um registo a ter muito em conta. Das melhores descobertas do festival. Com uma imagem muito cuidada e a rigor, mostram-se atentos aos detalhes e parecem ser promissores.
Findado o palco Loud!, resta-nos uma última banda a ver no festival, nesta edição de 2017: Trivium. A banda foi destacada por nós como um dos pontos altos do último dia, pois não deixa margem para dúvidas de que actualmente é uma das bandas grandes da sua geração. Bebem muitos das influências dos primórdios do thrash e isso por vezes é visível demais. Não que o façam mal, mas não é nada de novo. No entanto, mostram cada vez mais a veia criativa e isso é bem recebido pelo público em temas como “Silence in the Snow” ou “Down From the Sky”. Apesar de não ser do agrado de todos por variadas razões como a voz ou a repetição de fórmulas antigas, atraiu muitos fãs neste último dia.