//pagead2.googlesyndication.com/pagead/js/adsbygoogle.js
(adsbygoogle = window.adsbygoogle || []).push({});
Os meses finais do ano costumam ser prolíferos em bons concertos e o último fôlego festivaleiro guarda-se para aquele sobe e desce pela avenida, quase sempre ameaçado pela chuva, do Vodafone Mexefest.
Sexta-feira, final da tarde, começam as hostilidades nos bastidores do Cine-Teatro Capitólio: “Ora viva nós somos os Killimanjaro de Barcelos!”. A lava escorre do palco em catapultas de rock furioso, arrastando consigo os incautos que confundiram os barcelenses com o extinto vulcão africano.
O contraste faz-se na pouca luz da sala mais pequena do Cinema São Jorge, com a electrónica experimental de PAULi.. Possivelmente dos mais desconhecidos nomes desta edição do Mexefest, nesta noite o londrino, que já conta no seu currículo musical nomes como Gorillaz ou Jamie xx, mergulha no público português com toda a sua singularidade.
De volta ao Capitólio, encontramos a pessoa que elegemos a mais feliz em palco deste festival. IAMDDB (I am Diana de Brito), a britânica com melhor pronúncia portuguesa de sempre, não consegue esconder a visível excitação por estar a actuar em Lisboa – perdoem-lhe os fãs que viram os seus concertos cancelados, tudo isto porque a cantora quis prolongar a sua estadia na capital. Mais do que um concerto de neo-soul ou “urban jazz”, como a própria gosta de se definir, de uma das maiores promessas actuais na cena musical britânica, vimos um diálogo aberto e divertido com o público (houve até algumas vozes impacientes pela sala a pedir-lhe que acabasse a converseta e começasse a cantar).
Descemos a avenida para a nossa primeira incursão pelo coliseu com o concerto atmosférico de Washed Out. A electrónica vaporosa do norte-americano nunca trouxe consigo a promessa de um espectáculo vibrante e as paisagens que se desenham na nossa mente, quando por exemplo surge “New Theory”, trazem consigo memórias de pores do sol que se afundam em mares de verão. Durante uma hora consegue-se escapar à agitação citadina do festival.
Mais acima, de novo no Cinema São Jorge, Surma continua a cativar novos públicos com a sua sonoridade minimalista e laboratorial. Há uma estranheza que se entranha na música experimental e aparentemente frágil de Débora Umbelino, e dizemos aparentemente, porque não há nada de frágil, quando vemos alguém tão jovem assumir assim em palco total controlo de composições musicais tão singulares. Desejamos-lhe a maior sorte para a sua aventura no South By SouthWest no próximo ano.
Faz parte da natureza do Mexefest o gosto amargo das sobreposições e para ver Manel Cruz com a sua Extensão de Serviço sacrificámos Valete. Uns dias depois e mesmo reconhecendo no concerto do portuense uma das horas mais sentidas do festival, ainda não estamos a conseguir lidar bem com esta situação. Esperamos que os novos discos de ambos não demorem a chegar.
E para os que gostam de guardar o melhor para o fim, o alinhamento do primeiro dia do Vodafone Mexefest fechou com o que acreditamos ser um dos melhores espectáculos que neste momento é possível ver por cá. Já aqui falámos em como o concerto de Orelha Negra transformou o coliseu numa nave espacial que nos levou a outras galáxias e das quais, dias depois, ainda não estamos seguros ter regressado.