Reportagem


You Can't Win, Charlie Brown

A magia das melhores bandas reside na capacidade de se reinventarem e de surpreenderem.

Centro Cultural Belém

19/01/2017


Já os vimos diversas vezes em diversos formatos. Mas a magia das melhores bandas reside na capacidade de se reinventarem e de surpreenderem. Desta vez, os You Can’t Win, Charlie Brown apresentaram-se no palco do CCB com uma série de convidados que tornaram este concerto numa noite única e especial.

Apesar da sala a meio gás, talvez fruto de preços quase proibitivos, esta foi uma noite especial. Arrancaram ao som de Above the Wall, primeiro single do seu mais recente trabalho, Marrow, e tudo o que viria a acontecer depois seria uma surpresa. Pouco depois, um coro de luxo composto pelas Golden Slumbers, Selma Uamusse, Margarida Campelo, Francisca Cortesão e Mariana Ricardo, juntar-se-ia ao sexteto em palco. Donas de vozes que têm tanto de intensas como de distintas, a sua conjugação resultou numa harmonia perfeita, que enriqueceu ainda mais a noite. Afinal, as horas de ensaios em pós-pós laboral, como nos diziam, deram frutos. Para além das vozes, também os músicos Francisco Moser, Gabriela Barros e Tiago Rosa subiram ao palco para, com o requinte dos violinos e violoncelo, incluir pormenores graciosos em temas como Fall For You.

Apesar de Marrow ainda estar fresco e de temas como Pro Procrastinator ou Bones terem sido dignos de destaque, foram frequentes as viagens aos trabalhos anteriores da banda: entre Chromatic e Diffraction/Refraction, houve espaço para revisitar algumas das suas melhores canções como After December que, como os próprios recordaram, foi a canção de abertura de um concerto que a banda deu, há anos atrás, naquele mesmo espaço, Be My World, Over the Sun / Under the Water ou Green Grass #1.

Natural Habitat fechou em grande a primeira parte do concerto: banda e todos os convidados juntaram-se para um momento único e electrizante. Para o encore ficou reservada uma viagem aos primórdios. Primeiro com a nostalgia de Sad Song, canção que ficou registada no primeiro EP da banda e que acabou com o refrão a ser entoado em uníssono pela plateia. De seguida, An Ending, que protagonizou uma viagem ao mundo dos sonhos, comandada pelo piano de Afonso Cabral, da qual se torna difícil regressar.

Não há como falhar: os You Can’t Win, Charlie Brown não sabem dar maus concertos. Seja com seis ou vinte em palco, sabem proporcionar experiências diferentes que nos fazem sempre querer mais.

Galeria


(Fotos por Hugo Rodrigues)

sobre o autor

Claudia Filipe

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