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Fez ontem 76 que nasceu, como Hanne Karin Bayer, num subúrbio dinamarquês, a primeira musa de Jean-Luc Gordard e protagonista da maior parte dos seus primeiros filmes, os ditos da Nova Vaga (Vivre sa vie, Bande à Part, Pierrot le Fou, Alphaville, etc.)
Anna Karina foi o nome que Coco Chanel lhe sugeriu, no momento em que Hanne, chegada a Paris com 17 anos e 10000 francos no bolso, é descoberta para o mundo da publicidade no café Les Deux Magot. É, de resto, numa publicidade a um sabonete que JLG a vê pela primeira vez, motivando a oferta de um pequeno na sua primeira longa metragem, À Bout de Souffle, que estava a rodar naquela altura. O papel obrigaria Anna a despir-se e é fundamentalmente isso que a leva a recusá-lo, apesar de ter sido esse – o tornar-se actriz – o grande motivo para a fuga para Paris. JLG suprimiu esse papel do filme, como que batendo o pé à recusa de Anna e, no ano seguinte, voltaria a convidá-la, desta vez para o papel principal daquilo a que ele chama “um filme político”. Trata-se de Le Petit Soldat, primeiro filme sobre a guerra da Argélia e que, por esse mesmo motivo, apenas será lançado em França 3 anos mais tarde, em 1963.
O francês da dinamarquesa é ainda sofrível – ela, que o aprenderá nas salas de cinema de Paris -, e JLG, à semelhança da personagem de Michel Subor, empunha a câmara para filmar a sua nova musa.
Casam-se em 1961, sendo que Anna é ainda menor de idade, começam a rodar Une Femme est une Femme e contracenam em Cléo de 5 à 7, de Agnés Vardas. Entre 1961 e 1963, Anna irá também protagonizar filmes de Michel Deville (Ce soir ou jamais), Jacques Bourdo (Le Soleil dans l’oeil), e Claude de Givray (Un mari à prix fixe). Após um aborto espontâneo, a actriz entra numa período depressivo e é JLG quem a força a gravar Band à part. A relação dos dois não melhorará, contudo, sendo o divórcio oficializado em 1965. Segundo Anna, é nas filmagens de Made in USA, o último filme conjunto, que mais se sente a tensão entre os dois e a incapacidade de voltarem a trabalhar juntos.
Nos anos seguintes, Anna filma com grandes realizadores estrangeiros como Luchino Visconti (Lo straniero), George Cukor (Justine), Rainer Fassbinder (Chinesisches Roulette) ou André Delvaux (Rendez-vous à Bray e L’Œuvre au noir). Protagoniza, também, La Religieuse de Jacques Rivette (1966), e Anna (1968), a comédia musical que Serge Gainsbourg cria especialmente para ela, com realização de Pierre Koralnik. O gosto da música, presente também desde criança e perceptível em Une Femme est une Femme ou Pierrot le Fou virá dar origem, em parceria com Philippe Katerine, ao álbum Une histoire d’amour (1999).
Em 1972 realiza o seu primeiro filme, Vivre ensemble e em 2007 escreve, dirige e protagoniza Victoria, um road-movie franco-canadiano. Escreve quatro romances – Vivre ensemble (1973), Golden City (1983), On n’achète pas le soleil (1988), e Jusqu’au bout du hasard (1998), sendo este último posfaciado por Patrick Modiano – e, já na década de 2010, adapta e narra os contos de Hans Christian Andersen Le Vilain Petit Canard e La Petite Sirène.
Anna é descrita por Dennis Berry, realizador americano com quem está casada desde 1982, como um gato que dança no passeio e que canta a andar de bicicleta; os amigos do boulevard Saint-Germain-des-Prés, onde habitam, enfatizam o seu bom humor, o amor pelos animais e a timidez natural. Os seus fãs irão recordá-la, como Brialy, pela sua boca grande, sempre expressiva, pelo seu jeito de andar e de dançar, e pelo seu amor pela vida.