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Lembram-se do “Império do Sol“, uma das obras primas de Steven Spielberg? Foi o filme que catapultou Christian Bale para a fama quando tinha apenas 13 anos. O mundo rendeu-se à maturidade com que abraçou um papel tão exigente e que desempenhou de forma irrepreensível. Ao contrário de muitos colegas de profissão que atingem o pico igualmente novos e que não conseguem lidar com as contrariedades da fama, Bale foi um dos que inverteu a tendência e construiu uma carreira sólida, que o tornou num dos melhores actores da sua geração.
Camaleónico, já o vimos fazer de tudo e a ele devemos algumas das personagens mais intensas do cinema contemporâneo: destaque para o serial killer Patrick Bateman, figura central na acção de American Psycho. Neste filme baseado na obra de Bret Easton Ellis (e um dos raros casos em que o filme é tão bom como o livro em que se baseia), interpreta um bem sucedido banqueiro que, no fundo, odeia a vida que tem e cuja faceta psicopata vai evoluindo e escalando ao longo do filme, culminando numa sucessão de eventos sádicos. Irreconhecível, encarnou também Trevor Reznik, O Maquinista que esconde um segredo e a quem as insónias geraram um estado de magreza extrema. Recorde-se que para este papel, Bale teve de perder dezenas e dezenas de quilos. Estes dois papéis destacam-se de um conjunto de outros mais que demonstram que Bale é exímio em interpretar personagens sombrias, com segredos terríveis, com uma naturalidade que só é permitida a actores de topo.
Mas falar de Bale é falar também da inesquecível trilogia de Batman idealizada por Christopher Nolan. No papel de Bruce Wayne / Batman, conquistou os milhões de fãs da saga de banda desenhada por todo o mundo com uma personagem bem construída e cuja inserção num contexto actual a torna credível. Sem heróis em cuecas de vestimentas ridículas, é explorado o lado humano de Bruce Wayne, um homem que é também um super-herói psicologicamente complexo, sombrio, bem longe dos retratos cómicos que serviram de base aos filmes de Joel Schumacher. E foi este carácter de seriedade conferido a uma personagem intemporal que fez com que Nolan e Bale tenham conseguido algo que dificilmente outros conseguiram ultrapassar.
Se o grande público já estava rendido, também a Academia aprendeu a reconhecer o talento de Christian Bale. The Fighter, onde interpreta um ex-boxeur viciado em crack que começa a treinar o irmão, valeu-lhe o primeiro (e até agora único) Óscar para Melhor Actor Secundário. Curiosamente, foi a terceira escolha para este papel, que estava inicialmente indigitado para Matt Damon ou Brad Pitt. Perdoem-me ambos, mas há alturas em que temos de dar graças pelos conflitos de agendas. Por outro lado, a comédia negra A Golpada Americana valeu-lhe a primeira nomeação para Melhor Actor Principal, pela subtileza com que interpreta um vigarista forçado a trabalhar com o FBI para desmascarar uma poderosa máfia. Num registo muito mais descontraído, acabou por perder a estatueta dourada para Matthew McConaughey que, diga-se a verdade, atingiu o seu auge com “Dallas Buyers Club“.
Este ano vamos poder vê-lo em dose dupla: é o actor principal do novo trabalho de Terrence Malick, o “Cavaleiro de Copas”, com estreia prevista para o início de Março e está agora nos cinemas com The Big Short – A Queda de Wall Street, um dos filmes favoritos na corrida aos Óscares, e que lhe valeu a sua terceira nomeação, como Melhor Actor Secundário. Neste filme interpreta Michael Burry, gestor de fundos de investimento que descobre que o mercado imobiliário dos Estados Unidos, e na qual toda a economia assenta, é extremamente volátil e está prestes a ruir…
Nós ficamos a torcer para que o seu nome seja dito na cerimónia do próximo dia 28 de Fevereiro. E para que, acima de tudo, nos continue a brindar com grandes personagens, tal como tem feito até agora.