//pagead2.googlesyndication.com/pagead/js/adsbygoogle.js
(adsbygoogle = window.adsbygoogle || []).push({});
Dos vários realizadores que ajudaram a moldar o género de terror, e em particular nos Estados Unidos, Wes Craven é sem dúvida um dos mais influentes. Ajudou a criar (ou será que criou mesmo?) o sub-género teen slasher e é o autor de algumas das mais reconhecidas personagens do cinema de horror como Freddy Krueger de Nightmare on Elm Street ou Ghostface, o assassino da máscara de Scream. Wes Craven vai-se embora agora, aos 76 anos, com uma vasta filmografia que merece ser vista e estudada, não apenas pela qualidade dos seus filmes que, verdade seja dita, por vezes deixam a desejar, mas pela sua influência e em particular para os amantes do género de terror. Mesmo muitas vezes sendo banhadas e assumidamente aproximando-se da série B do terror, a verdade é que essa banhada dentro deste género tem um charme próprio e faz parte do próprio estilo.
A carreira de Wes Craven começa nos anos 70 e logo com um dos pequenos ícones do género. Em 1972 Wes Craven realiza The Last House on the Left, um exploitation horror (curiosamente inspirado em The Virgin Spring de Ingmar Bergman) onde duas adolescentes são raptadas por um grupo de psicopatas. The Last House on the Left é apenas um dos muitos filmes de terror desta época a sofrer readaptação mais recente, com o remake de 2009. Em 1977 segue-se outro dos pequenos ícones do cinema de terror e é espantoso como Wes Craven, filme após filme, os vai criando. É The Hills Have Eyes, onde uma família se vê isolada no deserto americano e é perseguida por um grupo de mutantes canibais. O remake de Alexandre Aja, de 2006, é soberbo e consegue mesmo ultrapassar o original. Seguem-se alguns hinos ao terror série B com filmes como Swamp, Invitation to Hell ou Deadly Blessing, onde um homem é assassinado pelo seu próprio tractor. Em 1982 assina a terrível sequela de The Hills Have Eyes e aí chega também à personagem que o deu definitivamente a conhecer ao Mundo.
A Nightmare on Elm Street, de 1984, é o mais reconhecido e provavelmente o melhor filme de Wes Craven. Além do conceito do filme ser genuinamente arrepiante (um grupo de adolescentes serão mortos pelo seu próprio pesadelo não podendo por isso adormecer), aquilo que o distinguiu foi sem dúvida a personagem de Freddy Krueger, o assassino desfigurado, com facas em vez de dedos, que persegue os jovens nos seus sonhos. É também o primeiro filme protagonizado por Johnny Depp, um adolescente e com muito para aprender Johnny Depp, o que não deixa de ser engraçado. Além de ter sofrido evidentemente o inevitável (e fraco) remake em 2010, A Nightmare on Elm Street teve direito a inúmeras sequelas. São tantas que se torna difícil dizer quantas são. Em número, A Nightmare on Elm Street chega aparentemente ao 5º filme, abandonando aí a numeração para filmes como Freddy’s Dead: The Final Nightmare ou Freddy’s Return: A Nightmare Reborn. Os títulos são muitos e a criatividade pouca. A única sequela realizada pelo criador Wes Craven, e que é simultânea r praticamente a única que se aproveita, é New Nightmare, de 1994. Freddy Krueger teve ainda direito a uma série de televisão e a enfrentar Jason de Friday the 13th em Freddy vs Jason. Enfim, talvez seja demasiado para uma só personagem.
Wes Craven tem ainda uma passagem pela realização na série The Twilight Zone e por outros horrores série B (há um bizarro Vampiro em Brooklyn, com Eddie Murphy pelo caminho) até chegar a outro dos seus conhecidos teen slashers, Scream, de 1996. Um grupo de jovens é perseguido por um icónico assassino mascarado que se tornou referência cultural e iria servir para tanto quanto ser copiado por comédias de terror como principalmente a série Scary Movie ou ser a máscara mais vendida no Halloween. Scream é um bom filme e o respeito de Wes Craven pelo género, o seu género, é de se tirar o chapéu. O resto da sua carreira é pontuada pelas sequelas de Scream, sendo Scream 4, de 2011, o seu derradeiro filme, que mais que uma simples sequela é também uma justa homenagem ao género slasher e à obra do seu autor no cinema, ao mesmo tempo uma homenagem e uma desconstrução daquilo que é verdadeiramente o slasher de terror americano que muitas vezes parece perdido e no presente não andará longe de estar morto por entre remakes e reboots, salvo algumas boas excepções como You’re Next.
O único momento em que Wes Craven parece querer modernizar o seu cinema de terror é em 2005, com Red Eye, um filme que certamente ficou na memória da grande maioria dos que o viram. É um piscar de olho de um velho mestre às novas linguagens do cinema do género e o velho Wes Craven fá-lo de forma sublime. Este tipo de terror, prático, passado em aviões e cheio de novas tecnologias é campo desconhecido para Craven e é muito interessante ver como um dos autores que moldou o terror série B e o slasher se aventurou por outra das faces do género, com um maquiavélico Cillian Murphy e uma lutadora Rachel McAdams. No fundo, a sua fórmula de sempre inserida numa nova paisagem.
Por onde quer que se veja, Wes Craven foi um dos nomes maiores. Ajudou a moldar o género e a torná-lo inconfundível, com o seu Nightmare on Elm Street ao lado de outros como Friday the 13th, Halloween ou The Texas Chainsaw Massacre. Mesmo muitas vezes não metendo medo, o terror também é isto. A linguagem do gore, do pesadelo, do monstro icónico. E Wes Craven foi um dos seus grandes pais. O mestre morreu, o seu cinema fica, e Freddy Krueger ficará ainda mais.
A Arte-Factos é uma revista online fundada em Abril de 2010 por um grupo de jovens interessados em cultura. (Ver mais artigos)