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What if instead of fighting back, we caved, gave away our privacy for security, exchanged dignity for safety, and traded revolution for repression? What if we choose weakness over strength? They’ll even have us build our own prison. This is what they wanted all along. For us to buy in on our worst selves. And I just made it easier for them.
As palavras são de Elliot (Rami Malek), que regressa para a terceira temporada de Mr. Robot com a mesma capacidade de produzir extensos monólogos já demonstrada no passado. O sucesso da revolução conseguida nas temporadas passadas é agora questionável e qualquer semelhança com a realidade não é mera coincidência. Imagens de discursos de Donald Trump passam enquanto ouvimos Elliot a questionar a liberdade conseguida com a revolução, reconhecendo ultimamente que a situação a que se sujeita agora é apenas e só culpa sua. A stage 2 que se preparava ao longo da segunda temporada é agora um perigo que tem de ser travado, sob pena de reforçar ainda mais o poder das organizações que controlam a sociedade. Estará a resposta na revolução?
A terceira temporada começa onde acaba a segunda, com o encontro de Tyrell Wellick (Martin Wallström), Elliot e Mr. Robot (Christian Slater) a surgir como o ponto de ruptura entre Elliot e o plano que estava a ser orquestrado em conjunto com a dark army. Este é o momento que vai alimentar a narrativa, com as motivações da personagem central a afastarem-se dos restantes grupos activistas. Esta é a forma possível de simplificar um argumento confuso que conta com múltiplos agentes a seguir diferentes caminhos. É o caso de Darlene (Carly Chaikin) que continua associada à investigação do FBI no seguimento da morte de Cisco na temporada passada e de Angela (Portia Doubleday), cuja lealdade parece ser uma incógnita. Importantes são também as personagens novas que são apresentadas, como o fixer da dark army, Irving (Bobby Cannavale), que num par de cenas já mostrou que tem tudo para ser um dos destaques da temporada. Não é novidade em Mr. Robot aquilo que este episódio faz, colocando todo o jogo em cima da mesa, organizando-o aos poucos, rumo ao fim da temporada.
A relação entre Elliot e Mr. Robot continua a ser um dos pontos principais na nova temporada e ainda que para as restantes personagens Elliot seja sempre fisicamente igual, aos olhos do espectador a personagem passa para as mãos de Slater quando é Mr. Robot no comando. Mesmo que a intensidade deste conflito interno continue a subir de tom, levando a personagem a questionar o que é ou não produto da sua imaginação na realidade envolvente, tudo soa mais a repetição do que a novidade. As mudanças de atitude, principalmente perante Angela e Darlene, são comentadas e utilizadas como ponto central do argumento, mas só acabam por deixar o espectador ainda mais confuso relativamente aos objectivos de cada um dos intervenientes. Por cima da camada principal que estas personagens constituem, há outras, representadas por Whiterose (BD Wong) e a dark army, pelo FBI, representado na pessoa de Dominique DiPierro (Grace Gummer) – ausente deste primeiro episódio – pelo governo americano e pela Evil Corp. As implicações dos planos em curso são aqui maiores, num plano também internacional, e nunca a democracia pareceu tão hacked como agora.
O tom da série mantém-se tão negro como o futuro da sociedade que é representada, através das cores e da constante fraca iluminação, que contribuem para um ambiente pesado em cada cena. Também a banda sonora se mantém quase como parte integrante da narrativa, em casos como o da cena que junta Elliot e Angela ao som da Touch, de Daft Punk, representando a relação difícil de explicar que há entre os dois neste ponto da série. Cenas como a que Elliot protagoniza numa sala onde vários hackers jogam uma versão de capture the flag, colocando um mute, como o que aplicariamos nós em casa na televisão, nas conversas envolventes para se poder concentrar no trabalho que tem em mãos mostra-nos que o inesperado está sempre à espreita. Por mais embrulhada que a narrativa se possa encontrar de tempo a tempo, a assinatura de Esmail está sempre presente.
Mr. Robot acompanha os tempos, actualizando-se em mais uma temporada com novas críticas aos monstros corporativos que controlam a sociedade, aproveitando também para picar o momento político que se vive nos Estados Unidos. A realidade que é representada na série de Sam Esmail é ainda distante, assente em ataques informáticos destrutivos que podem mudar o rumo da economia moderna, mas ao mesmo tempo consegue criar sempre um elo com uma situação política frágil que se vive um pouco por todo o mundo. Encontrar resolução para os diferentes focos que se estão a desenvolver será o principal desafio da nova temporada, numa série que vai continuar a ser um espectador crítico da realidade, aproveitando cada oportunidade que esta oferece.