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Lidando com previsões de um futuro sombrio diante do crescimento das plataformas de streaming, a HBO usou o lançamento da oitava – e última – temporada de Game of Thrones como um marco na reação das mídias tradicionais em sua busca para preservar a audiência. Sua estratégia de lançamento global para a franquia de maior sucesso da TV mostrou sua capacidade de matar dois coelhos com uma só cajadada.
Refinando sua política de exibir no mesmo dia e em horários muito próximos os episódios da série nos países em que atua, o canal por assinatura aplicou um golpe nos divulgadores de spoilers (antecipação do que vai acontecer na trama) e na ansiedade que existia nos fãs dos seriados que habitam fora do país de origem das produções, que muitas vezes precisam esperar por dias ou até semanas pela liberação dos episódios em sua localidade.
Tática foi colocada em ação pela primeira vez há três anos
O benefício concedido aos telespectadores foi, na prática, um efeito colateral extremamente positivo de uma forte ação da emissora no combate à pirataria. O sucesso de Game Of Thrones, que consumiu investimentos na casa de US$ 650 milhões, também transformou os episódios da série nos mais procurados para serem baixados de forma irregular através da rede mundial de computadores.
Nesse caso, quanto maior o intervalo entre a exibição dos capítulos, maior era a janela de oportunidade para quem desejava conseguir sucesso nessa empreitada, uma vez que eles encontravam fãs impacientes pela demora da liberação oficial dos capítulos e ávidos para saber o que iria acontecer no próximo capítulo.
A tentativa de diminuir esse intervalo e, dessa maneira, restringir o tempo de atuação dos ‘piratas’ e sua possibilidade de sucesso, teve seu pontapé inicial em 2015 quando os 170 países que recebiam a série através da HBO assistiram o episódio de lançamento da quinta temporada de Game of Thrones de forma quase simultânea. A partir de então, a emissora foi aprimorando o sistema até chegar ao formato atual.
O sucesso da estratégia pode gerar um efeito dominó. A própria HBO já escolheu um sucessor para o trono de GoT. Trata-se do seriado Watchmen, que tem estreia prevista ainda para 2019. A emissora dá todas as indicações que seguirá o mesmo roteiro para o lançamento colocando o seriado no ar em seus vários mercados com intervalos mínimos entre as exibições. A nova série é baseada em 12 edições de uma história em quadrinhos publicada nos anos oitenta por Alan Moore que tentou retratar como seria o lado pouco glamouroso se super-heróis como Super-Homem, Mulher-Maravilha e Homem-Aranha.
Necessidade de renovação constante selou fim da série
Sinal de que a HBO não conseguiu desviar da segunda bala. A emissora até pode ter vencido a primeira batalha em relação à distribuição mais rápida exigida pela ansiedade crescente pela geração criada com o mundo digital à sua disposição. Não conseguiu, todavia, atender um segundo requerimento básico dessa tribo: a necessidade de renovação constante.
O público que acessa plataformas de streaming para consumir temporadas inteiras de seriados em um só final de semana não parece mostrar disposição de fãs de seriados nascidos no berço televisivo como “Grey’s Anatomy”, que teve seu contrato renovado até a décima sétima temporada, ou NCIS, que está na décima sexta.
Criada por David Benioff e D. B. Weiss, Game Of Thrones tomou como base a série de livros A Song of Ice and Fire (As Crônicas de Gelo e Fogo), de autoria de George R. R. Martin. As cinco primeiras temporadas da série fantástica, que foi lançada em abril de 2011, se mantiveram bastante fiéis às histórias originais. No entanto, a partir da sexta temporada, houve mais liberdade no rumo dado aos personagens que ganharam uma vida própria na TV.
Porém, a criatividade perdeu fôlego. Para a temporada derradeira, foram produzidos apenas seis episódios, o que a tornará a mais curta de todas. As seis primeiras tiveram dez episódios cada. A sétima, já indicando escassez na criatividade, caiu para sete. Porém, isso não deve significar perda de audiência. Só nos Estados Unidos, cerca de 17,4 milhões de telespectadores acompanharam o primeiro episódio da temporada final. Essa número supera o recorde estabelecido pelo capítulo de abertura da sétima temporada, que foi visto por 16,9 milhões de pessoas no país. Além disso, o episódio gerou mais de cinco milhões de tuites sendo o assunto mais comentado na rede social durante seu período de exibição.
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De acordo com uma pesquisa do Instituto Kantar Ibope Media, em 2017 foram geradas 18 bilhões de impressões no Twitter com comentários sobre programas de TV aberta, frutos principalmente do engajamento do público no momento em que assistia o conteúdo exibido e completava o processo de interação. Com o aumento da navegação pela rede mundial de computadores através do uso de telefones celulares, que devem atingir 5,5 bilhões no ano que vem, a sede por novidades deverá aumentar.
A Arte-Factos é uma revista online fundada em Abril de 2010 por um grupo de jovens interessados em cultura. (Ver mais artigos)