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Recentemente dissemos adeus a mais um ano. Foram 365 dias passados ou mais uma volta ao Sol, se preferirem, pautados sempre pela procura da nova melhor banda, de viver aquele concerto inesquecível, de ver aquela série ou filme de qual todos falam. Pelo menos no que a esta lista diz respeito, porque há toda aquela coisa do crescimento pessoal e afins, que não interessam muito para o caso aqui.
Aliás, mentira, fazer parte da Arte-Factos é também isso, é sair fora da nossa zona de conforto, escrever ou fotografar sobre aquela banda que se calhar nem nos diz nada ou sobre a qual pesquisamos 10 minutos antes de entrar em palco. É falarmos com pessoas diferentes, que gostam de coisas diferentes e sabermo-nos adaptar a variadas situações, e tudo isso contribui para nos moldar de alguma forma. 2017 foi também o ano em que mais pensei e repensei a forma como colaboro com este projecto que ajudei a nascer há sete anos atrás e do qual tenho bastante orgulho. É perfeito? Longe disso, mas nada o é e no grande esquema das coisas o positivo supera largamente o menos bom.
E agora que esta introdução vai longa, chegou a altura da lembrança anual: estas listas valem o que valem e acho que devem ser abordadas numa perspectiva de descoberta. O melhor ou o pior vão ser sempre subjectivos e, mais que isso, não conseguem deixar de lado a parcialidade de quem as elabora. Posto isto, aqui ficam dez cenas fixes que gostei em 2017.
Estava guardado para o final do ano aquele que se veio a confirmar como o combate do século. No meio da arena 360º montada no centro do Coliseu dos Recreios, The Legendary Tigerman e Linda Martini enfrentaram-se por uma última vez após a digressão que os juntou por vários clubes espalhados pelo país e tivemos oportunidade de viajar pelo passado, o presente e o futuro de ambas as bandas, numa celebração rock digna de registo. Foi bonita a festa, pá.
Foi talvez a surpresa do ano para mim. A banda de Alcobaça afinou arestas e atirou-se a Good Boys, disco conceptual que editam pela Lovers & Lollypops e que acompanha a vida do misterioso Tony Blue. O rock rock destes bons rapazes não é só incrível em disco como ganha uma nova força ao vivo, como tivemos oportunidade de comprovar no Super Bock Super Rock.
Era uma das bandas que queria rever nesta passagem pelo NOS Alive e, como já sabia ao que ia (ou achava eu que sim, depois daquele concerto bonzinho no Coliseu de Lisboa), tinha as expectativas moderadas. Acho que isso conjugado com o factor surpresa acabou por ser determinante no quanto gostei deste concerto. Mereceram a tenda a abarrotar e todo o amor que levaram do público.
Os Japandroids são donos de um dos meus discos preferidos de 2017, o Near to the Wild Heart of Life, e é também deles um dos concertos que mais gostei no NOS Primavera Sound, festival que exploro melhor em baixo. Voltando à banda, o duo canadiano foi uma presença habitual no nosso país no ano que passou e, para além do já referido NOS Primavera Sound, regressaram para o Vodafone Paredes de Coura e surpreenderam os fãs com um concerto intimista no Maus Hábitos, no Porto. Pelo meio ainda tiveram tempo de falar connosco e ganharam pontos de coolness por isso.
Fui pela primeira vez ao NOS Primavera Sound, no Porto, em 2013, e desde então por um motivo ou outro não tive oportunidade de regressar. A segunda vez aconteceu durante o ano que passou e o espaço e o ambiente continuam incríveis. Confesso que tenho um especial apreço por festivais onde consigo circular com relativa facilidade e só por isso já ganha. E depois, há o cartaz. É certo que somos o parente pobre quando comparados com o festival de Barcelona mas não só seria injusto estarmos a comparar, como até nem nos podemos queixar muito. Pessoalmente guardo na memória os concertos de Run The Jewels, Arab Strap, First Breath After Coma, Songhoy Blues, Shellac, Japandroids, Cymbals Eat Guitars, Death Grips e Julien Baker. Se quiserem espreitar as reportagens destes e outros concertos podem sempre fazê-lo aqui.
Mais um ano e mais uma colheita agradável. Desde logo porque tive várias bandas de que gosto bastante a editarem discos: os Circa Survive regressaram com The Amulet, os Brand New despediram-se com o enorme Science Fiction e, a Julien Baker, de quem falo mais à frente, mostrou o novo Turn Out the Lights. Mas também os Cloud Nothings se chegaram à frente com Life Without Sound (que vá-se lá saber porquê ignorei o ano quase todo só para descobrir em Dezembro o quão bom é), o choninhas do Ryan Adams presenteou-nos com Prisoner, os The National editaram Sleep Well Beast, os Process Of Guilt e os AMENRA tentaram engolir-nos com a fúria do seu som em Black Earth e Mass VI, respectivamente, os Mogwai fizeram-nos viajar (a custo) com Every Country’s Sun, a trip de ácidos dos Portugal. The Man continuou em Woodstock, TOMARA tentou embalar-nos com o doce Favourite Ghost, os Less Art juntaram-se para nos fazer tremer em Strangled Light, descobrimos o After The Party dos The Menzingers e a lista poderia continuar.
É a vida narrada por Aziz Ansari. Nesta segunda temporada encontramos Dev Shah em Itália a tentar recompor-se e a ultrapassar um desgosto amoroso, numa série de episódios com os quais nos relacionamos facilmente. Ponto forte de uma série onde a comédia prevalece mas onde os momentos mais sérios atingem todos os locais certos.
Não tenho dados concretos sobre isto e honestamente também não quero ir pesquisar estatísticas. Vou arriscar portanto ao dizer que a Netflix e outros serviços de streaming estão a ajudar a reduzir a tão mal vista pirataria informática nos filmes e séries. Compreende-se, por um valor razoável, sem termos que estar fidelizados para todo um sempre, temos bons conteúdos à distância de poucos cliques, com a qualidade de imagem que se deseja, no dispositivo que nos der mais jeito. Mas não é por isso que a Netflix faz parte desta lista. O motivo é simples, cada vez mais o selo Netflix parece querer dizer alguma coisa e são muitas e boas as séries que têm mão deste serviço. Só em 2017 houve novas temporadas de Stranger Things, Narcos, Master of None, Rick and Morty, Better Call Saul e BoJack Horseman, as estreias de Big Mouth, Mindhunter e 13 Reasons Why, entre muitas outras que ainda estão à espreita de uma oportunidade para serem vistas.
Os Touché Amoré são uma das minhas bandas preferidas e, em 2016, garantiram o topo desta lista com o lançamento do excelente Stage Four. Confesso que não estaria à espera de os poder ver ao vivo por cá em 2017 e por isso, assim que surgiu a confirmação, veio com ela também um entusiasmo justificado. Felizmente não foi um daqueles concertos mortos à partida por uma expectativa absurda e o meu único arrependimento foi não ter seguido para o Porto no dia seguinte para repetir a dose.
Foi só no início de 2016 que ouvi o Sprained Ankle, curiosamente descoberto num top de melhores discos de 2015, e rapidamente se tornou audição recorrente. Não sei como, porquê ou quando a Julien Baker conseguiu dar o salto do Tennessee para o Mundo, mas ainda bem que aconteceu, é merecido. Em 2017 regressou com o novo Turn Out The Lights que, juntamente com o concerto que deu no NOS Primavera Sound, onde assumiu um palco gigante apenas com a sua guitarra e voz, ocupam a primeira posição desta lista.
Multi-tasker no Arte-Factos. Ex-Director de Informação no Offbeatz e Ex-Spammer na Nervos. Disse coisas e passou música no programa Contrabando da Rádio Zero. (Ver mais artigos)